29 de mar. de 2012

Bons tempos que não voltam mais

Estou aqui de novo, trancada no meu quarto escuro, com as cortinas fechadas, debaixo das colchas... nesse início de outono, ouvindo músicas das quais quis nunca mais ouvir, vendo fotos que não deveria mais ver, sentindo um perfume que eu já nem devia mais lembrar, coisas que me lembram ele. Estou lendo relatos dos dias mais felizes e mais tristes da minha vida. Coisas das quais eu queria esquecer, ou ao menos superar. Dizem que o tempo cura tudo. Isso é uma das maiores mentiras da humanidade, pois ele não cura. Ameniza talvez, por alguns momentos, mas basta ver, ouvir, sentir algo relacionado a certa lembrança que a dor volta. E com o tempo as lembranças acumulam mais ainda. Lembranças de momentos tristes e felizes, com as pessoas que amamos e odiamos, em lugares que marcaram nossa vida, datas que não esqueceremos jamais, sentimentos verdadeiros demais para serem apagados do nosso coração, aromas que nunca podem ser esquecidos, músicas que marcaram tudo isso. Infância, adolescência... tempos de alegrias e tristezas, tempos de grandes mudanças... bons tempos aqueles. Uma pena que não voltam mais.
Hoje em dia vejo grandes amigos indo embora, mudando, se afastando, traindo, mentindo... entrando e saindo da vida da gente. Vejo pessoas que continuam as mesmas de sempre, pessoas que mudaram tanto que são irreconhecíveis. Lugares que não existem mais. Pensamentos que mudaram tanto.... enfim... um ciclo. Um círculo... o mundo girando. O tempo passando. As pessoas seguindo em frente. Mudanças. Mas meu coração insiste em doer com certas memórias. Minha mente insiste em não analisar certas coisas e eu insisto em cometer erros, os mesmo erros muitas vezes. Magoar pessoas, afastá-las de mim. Magoar a mim mesma. Me castigar por causa de essas e outras muitas coisas mais com intensidade. Bem, intensidade é uma palavra que me define bem, amo demais, odeio demais, confio demais, desconfio demais, alegre demais, triste demais, sempre intensamente, nada mais ou menos, ou é preto ou é branco, nunca é cinza. O mais importante é que sempre fui eu mesma. Nunca tentei “imitar” alguém, talvez me inspirar. Mas nunca ser igual a ninguém, afinal o que seria do mundo se tudo e todos fossem iguais? Não teria graça. Não faria sentindo.
O passado pode ter sido agradável em alguns aspectos e o presente pode estar sendo o pior possível. Mas e o futuro? Quando chegar lá, nos olharemos para o dia de hoje que reclamamos tanto e veremos o quanto fomos infelizes por querer viver de passado e não fazer nada para marcar o presente com as melhores lembranças? E porque reclamar por tão pouco, sendo que existem pessoas que tem muito menos coisas que nós e são muito mais felizes porque se esforçam pra isso? Nada. E algo impede de ser feliz agora?

by Débora Delgado

2 comentários:

  1. faz um tempinho que não comento aqui, voltando seu texto é muito verdadeiro, é sempre muito duro a mudança na vida para todos.

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    1. Demais.... o pior é que o tempo passa tão rápido e as lembranças boas ficam pra trás.... e tá lá o vazio do presente, de coisas que não dá pra recuperar....

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